Diaconia e o Comitê de Ajuda Humanitária da Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos (USA) firmam parceria para a promoção de segurança hídrica e produção de alimentos no Semiárido do Brasil

Diaconia
4 min readSep 28, 2020

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Famílias serão contempladas com a implementação de tecnologias como cisterna de 2ª água, biodigestor, quintais produtivos e outras

A agricultora Maria Ivaneide irá enriquecer seu agroecossistema de produção de alimentos, a partir do reforço da sua criação de animais como caprinos e ovinos. Fotos: Acervo Diaconia

Por Tádzio Estevam (Assessor de Comunicação da Diaconia)

O Projeto “Vida Digna no Semiárido: uma abordagem agroecológica com foco na integração de tecnologias sociais” é a mais nova missão que a Diaconia está executando nos municípios de Afogados da Ingazeira, Santa Terezinha, São José do Egito, Carnaíba e Tabira, todos no Sertão do Pajeú, em Pernambuco. O projeto consiste numa parceria entre a organização e a Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos (USA), através do Comitê de Ajuda Humanitária da Igreja Metodista Unida (UMCOR), cujo objetivo é fortalecer estratégias de convivência com o Semiárido no que se refere à Segurança Alimentar, Nutricional e Hídrica.

Na prática, o projeto prevê ações de fortalecimento da produção de alimentos de famílias agricultoras a partir da integração de tecnologias sociais em bases agroecológicas, contribuindo para melhorar as estratégias de convivência com a região semiárida. O projeto contemplará atividades de formação sobre armazenamento e gerenciamento de água, bem como práticas sustentáveis de produção de alimentos agroecológicos, através da implementação de tecnologias que, aliadas àquelas já existentes nas propriedades rurais, fortaleçam um agroecossistema de base familiar com mais resiliência.

A família da jovem agricultora Maria Ivaneide Alves da Silva, moradora da comunidade Ilha do Rato, no município de Tabira, é uma das 30 famílias beneficiadas pelo projeto. A família vivia em extrema vulnerabilidade social, amparada apenas pelo Bolsa Família. A transformação de vida da jovem agricultora e de seus familiares começou com a inclusão da família no Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), financiado pelo BNDES e executado pela Diaconia no âmbito da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil). Através do programa ela recebeu a cisterna de 52 mil litros para armazenar água das chuvas — chamada de cisterna calçadão -, o que ajudou a família a implantar um pequeno sistema de irrigação para a criação de animais como galinhas e porcos. Ela também trabalha com abelhas e faz a coleta seletiva na sua propriedade.

Com a chegada do projeto apoiado por UMCOR, Ivaneide poderá enriquecer seu agroecossistema de produção de alimentos, a partir do reforço da sua criação de animais como caprinos e ovinos, além da produção de silagem para o armazenamento de forragem. No âmbito das energias renováveis, a família será contemplada com um biodigestor sertanejo para a produção do seu próprio gás de cozinha. “Com a chegada desse projeto, nossa vida irá passar por uma grande transformação. Espero produzir mais, criar mais animais, ter mais alimento para alimentar minha família e até fazer uma renda extra com o excedente da produção. As mudas das plantas e fruteiras irão dar uma outra aparência à minha propriedade, além de nos alimentar também”, disse. Com relação às tecnologias, a agricultora destaca a economia de tempo e de mão de obra que ela terá. “Vamos ter mais tempo para nós. A vida da agricultora não é só plantar. Com a implantação de tecnologia, vamos poder investir nosso tempo em outras coisas a nosso favor”, concluiu esperançosa.

A jovem agricultora irá receber mudas de plantas e fruteiras em sua propriedade

O projeto ainda terá atividades de assessoria técnica permanente às famílias agricultoras; formação; realização de campanhas; intercâmbios entre famílias agricultoras sobre práticas agroecológicas; e o fortalecimento da Rede Pajeú de Agroecologia, no âmbito da incidência para o fortalecimento de políticas públicas de promoção de direitos humanos.

Para a Coordenadora Geral da Diaconia, Waneska Bonfim, “esta parceria com a Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos fortalecerá o que a Diaconia se propõe no semiárido brasileiro, favorecendo a integração de tecnologias sociais para melhorar ainda mais a convivência das famílias agricultoras com o semiárido”.

Tecnologias Sociais contempladas no projeto:

Cisterna de 2ª água: reservatórios onde a captação da água se dá por meio de adaptação, construída no nível do solo, aproveitando seu declive. Tem capacidade de armazenamento de 52 mil litros d’água e foi idealizada para a irrigação de pequenas plantações e dessedentação criação de animais.

Biodigestor: utiliza o esterco animal, cuja decomposição produz o biogás que substitui o gás de cozinha GLP. Também contribui para redução da extração e queima de lenha e produz biofertilizantes (adubos orgânicos de alta qualidade);

Banheiro Redondo: desenvolvido e aprimorado como solução de saneamento rural. A instalação nas residências rurais atende às necessidades de saneamento básico das famílias, proporcionando-lhes mais saúde e dignidade;

Bioágua: sistema de reuso da “água servida” garantindo o reaproveitamento das águas residuais provenientes da lavagem de pratos e roupas e da higiene pessoal como banho e escovação de dentes para a irrigação, por gotejamento, de hortas e pomares cultivados nos quintais;

Quintais Produtivos: são áreas geralmente nos arredores das casas, onde há produção diversificada, com criação de pequenos e médios animais (aves, caprinos, ovinos, porcos) e cultivo de plantas medicinais, frutíferas, hortaliças.

Fossa biodigestora: responsável por tratar o esgoto do vaso sanitário (a água com urina e fezes humanas) de forma eficiente, produzindo um efluente que pode ser utilizado no solo como fertilizante.

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Promoção e Defesa de Direitos // Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará

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